Considerado um dos bairros mais bonitos da cidade do Rio de Janeiro, o Leme tem memórias que acompanham o mudar dos tempos, seguindo o curso da história, como um navio, um navio guiado por um leme na bela orla carioca.
O nome Leme foi escolhido devido à Pedra do Leme, contornada pelas praias da Urca e Botafogo e cujo formato, visto de cima, se assemelha ao do leme de um navio.
Durante o período colonial, a região onde hoje fica o bairro do Leme era extremamente isolada do trecho da cidade onde as pessoas viviam e áreas comerciais, públicas, sociais e culturais se encontravam. Já no Império, embora ainda fosse bastante afastando dos grandes centros urbanos cariocas, a região onde hoje fica o Leme era reduto de famílias ricas que faziam piqueniques e passeios para apreciar as belezas naturais do lugar.
O bairro era uma região bem isolada na era colonial, mas representava um ponto onde as famílias ricas reuniam-se para apreciar a vista e passear. Entre 1892 e 1894, ocorreu o primeiro loteamento e a primeira via aberta, devido à atração das famílias à área. A partir dos anos 50 a verticalização atingiu o bairro com a construção de prédios e hotéis.
Como a presença de famílias aumentava cada vez mais para a realização destes passeios na região decidiu-se abrir uma via para facilitar o acesso.
Entre 1892 e 1894, o primeiro loteamento, cuja primeira via aberta se chamaria Rua Gustavo Sampaio, foi feito pela Empreza de Construcções Civís, que era de Alexandre Wagner,Otto Simon e Theodoro Duvivier, que é da família do humorista Gregório Duvivier.
Theodoro Duvivier, inclusive, foi um dos principais nomes no processo de urbanização e ocupação da então afastada região do Leme, Copacabana e outros bairros.
Já em 1906, após a inauguração do Túnel Novo (ou do Leme), a linha de bondes da Companhia Ferro-Carril Jardim Botânico chegou ao bairro, na Praça do Vigia, deixando a região mais urbanizada e acessível, o que possibilitou um rápido crescimento.
Começando em 1915 até meados dos anos 1930, surgiram as Comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira. No Morro do Leme situava-se o Forte Duque de Caxias, construído em 1776, que foi desativado em 1975.
Além do Forte Duque de Caxias, o bairro apresentava outras quatro estruturas militares: o Forte da Ponta da Vigia, o Forte da Ponta do Anel, o Forte do Leme e o Forte Guanabara.
Nos anos 1950 e 1960, a verticalização e a especulação imobiliária atingiram o bairro em cheio. Muitos prédios foram erguidos neste período, entre eles, os hotéis Meridian, da rede frances Le Méridien, rebatizado em 2009 de Windsor Atlântica Hotel.
Em 1971, houve a duplicação do calçadão, uma obra que contribuiu muito para que as belezas do Leme fossem ainda mais apreciadas, fato que acontece desde o início da formação histórica do bairro.
Seu famoso calçadão é inspirado em mosaicos de Lisboa
O calçadão de mais de 4 km de extensão teve como inspiração original o mosaico da Praça do Rocio, em Lisboa. Lá em Portugal, essa Praça foi palco de feiras e mercados antigos, desde a Idade Média, e após um terremoto em 1755, foi reconstruída com o famoso padrão de ondas do mar nas cores preto e branco, em homenagem ao encontro das águas doces do Rio Tejo com o Oceano Atlântico. Hoje a Praça é sede do Teatro Dona Maria II e de uma grande estátua de Dom Pedro II.
Aqui no Brasil, esse tipo de calçada foi primeiramente implantada em 1901, no Largo de São Sebastião, em Manaus, em comemoração à abertura dos Portos do Rio Amazonas. Copacabana só foi receber o devido calçamento em meados da década de 1910. Primeiramente, as ondas tinham orientação perpendicular em relação ao comprimento da calçada, e figuraram até a década de 1970, quando foram alteradas no sentido paralelo.
Já foi proibido jogar frescobol em suas areias
Idealizado por Lian Pontes de Carvalho, dono de uma fábrica de pranchas e móveis do Rio de Janeiro, o frescobol nasceu por conta de uma dificuldade que o seu idealizador tinha em se livrar de sobras de madeira. Na década de 1940, Lian começou a confeccionar raquetes de madeira e vender para os frequentadores da Praia de Copacabana. Em 1950, o frescobol se tornou proibido na praia, por motivo de perturbação aos banhistas, e assim começou a se expandir para outras praias, se tornando o esporte que nós conhecemos hoje.
Em meio a ditadura, no ano de 1971, a Secretaria de Segurança Pública regulamentou que qualquer atividade esportiva, incluindo o frescobol, em todas as praias do Rio fossem afastadas da beira d’água até as 14h. Esse decreto manteve-se até meados da década de 1980. Ainda assim, no verão de 2013/2014 o frescobol foi novamente proibido nas praias cariocas pela própria prefeitura, nos horários das 8h às 17h, por conta do alto movimento de turistas e moradores na faixa de areia.
Hoje o frescobol é uma das formas de lazer mais populares do Brasil e tem até um dia comemorativo, 10 de Julho. Desde 2015, o frescobol é considerado um dos patrimônios imateriais do Rio, juntamente com os blocos carnavalescos, os vendedores de mate e biscoitos de polvilho das praias cariocas e diversos bares tradicionais da cidade.
A areia da praia é artificialmente recomposta
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A enorme faixa de areia que margeia a praia de Copacabana não é consequência de um processo natural. Na verdade, cidades litorâneas sofrem constantemente com o desgaste das areias “perdidas” por conta de diversos fatores climáticos. Para que a área possa continuar sendo usada pelos banhistas, protegendo as construções do litoral, é necessário recompor a areia artificialmente a partir de dragagens. Na década de 1970, foi realizado o primeiro aterramento hidráulico na orla de Copacabana, aumentando a faixa de areia para permitir o alargamento das pistas da Avenida Atlântica. Hoje, a areia é recomposta anualmente através de uma plataforma continental interna, com material de características granulométricas idênticas às da praia ou preferencialmente mais grossas.
Acervo histórico de fotos
Quem se interessar em conhecer mais da história do bairro, o morador David Groisman fez uma grande pesquisa e catalogou uma belo acervo de fotos do Leme antigo na sua página do Facebook.
Fontes: www.diariodorio.com , www.copacabana.rio , emcasa.com ,